Sunday, May 29, 2011

Um novo homem

Jonas:

Sim, Olga. Ouvi o quê você disse, entendi e resolvi aceitar. Agora sou um hipócrita.

Tuesday, May 03, 2011

A morte não é o fim




"Quem salva uma vida salva o mundo inteiro", disseram os judeus. A questão estaria em saber se o mundo que se salva é digno de que o seja.

Ao mesmo tempo em que se pode admitir que o mundo é salvo por aqueles que continuam a defender o humano em meio à desgraça, pode-se admitir que a destruição de uma vida é também a destruição do mundo inteiro?

É recorrente a ideia de que algo foi o fim. Talvez porque o mais óbvio dos diagnósticos seja aquele que decreta que o mundo, de fato, acabou em algum momento. Que pessoas continuem a matar e outras morram por isso e por outros motivos mais é apenas a agressão cotidiana à moralidade e à esperança, mas não são sinais do fim de nada. São antes provas de que a História não pode ser uma História da decadência simplesmente porque, do ponto de vista da esperança, ambas foram vitoriosas em momentos diferentes e de formas diferentes. A morte não é o fim não porque existiria algo depois, mas porque a morte é um fardo dos vivos e a sociedade não vive; esta somente possui uma história, enquanto corpo que é. Sua morte, que teria acontecido há muito tempo, não foi acompanhada de seu fim.

A esperança de construir algo novo, portanto, deveria partir do pressuposto de que nada há para se preservar neste corpo onde nada vive nem morre. Onde apenas existe a esperança de que a desgraça não se repita.

Trivialidades

"Who'll remember all the players?
Who'll remember all the clowns?"

Pensou se deveria ter feito isso.

"É só que, às vezes, eu não quero ouvir suas respostas. Continuo perguntando, porque eu quero te mostrar que ainda gosto de você. Não sei se te amo. Mas isso não quer dizer que não goste de você. Gosto. E preciso te mostrar isso, mas não quero ouvir suas respostas. Não me importam. Eu gosto de você. Não preciso que você goste de mim.".

Não lhe traria nenhum prazer ouvi-la dizer nada. Até porque não ouviria de modo impune, mas como uma espécie de confissão de que ele não fora capaz de entender antes que era, sim, importante perguntar. Não seria uma acusação, é verdade, mas uma confissão de quem ambos falharam. E, estranhamente, ele sentia-se contemplado por aquela confissão que lhe era externa, pois sabia que era culpado. Poderia assumir suas falhas e ainda assim sentia-se melhor ao perceber que alguém preocupava-se em mostrar-lhe que ele falhara. Era como se, desta maneira, recebesse a concordância que tanto desejava. Tudo o que esperava era um aceno que significasse que haviam se entendido e, com isso, poderia passar muito tempo feliz.

Um aceno. Apenas um aceno. Olhou de novo para ela, apreensivo. "Um aceno. Apenas um aceno.".