Monday, April 16, 2007

Do peso das direções

"Now there's a gargoyle on that belfry and he's been up there for years
And he has watched and he has pondered: "What is laughter, what are tears?"

"And he's never found his answers as he sees the years go by
But he watches and he wonders with his stone unblinking eyes"


Ficou sentado esperando, sentindo a leveza de não possuir mais nada, a não ser aquelas coisas sem as quais seu corpo não poderia viver, seu cérebro não poderia trabalhar e seus desejos não poderiam comprar. Sabia que o peso do futuro não existia mais, mas não sabia se estava feliz com isso, apenas que estava leve.

Novamente teve de se lembrar do quão estranho é o pensar e suas projeções. Pois so futuro não lhe reservava nada e lhe pesava, mas ainda assim era o futuro, a terra mágica na qual seus sonhos e não sonhos deveriam acontecer, agora que o jogo terminara porque não sentir a ausência de tudo o que poderia ter sido e não foi?

Pode ser que, pela primeira vez, a culpa, tanto pelo que não poderia vir a fazer quanto pelo que poderia vir a fazer não lhe parecesse tão próxima. "Porque se não fizer nada, não há nada passível de culpa. Se quem faz parte de alguma coisa trai, quem não faz parte de nada pode, sim, ser invisível... com sorte se tornar uma barata... ou um potro".

E assim poderia ser resolvido o problema, pois mais do que qualquer coisa, o que lhe pesava era o fato de ter que viver uma vida tão curta, que precisaria dar um sentido a ela, a menos que nunca mais olhasse para trás. Pois, afinal, o passado não é mesmo algo que teima a reaparecer? Talvez baste fechar os olhos.