Tuesday, May 03, 2011

A morte não é o fim




"Quem salva uma vida salva o mundo inteiro", disseram os judeus. A questão estaria em saber se o mundo que se salva é digno de que o seja.

Ao mesmo tempo em que se pode admitir que o mundo é salvo por aqueles que continuam a defender o humano em meio à desgraça, pode-se admitir que a destruição de uma vida é também a destruição do mundo inteiro?

É recorrente a ideia de que algo foi o fim. Talvez porque o mais óbvio dos diagnósticos seja aquele que decreta que o mundo, de fato, acabou em algum momento. Que pessoas continuem a matar e outras morram por isso e por outros motivos mais é apenas a agressão cotidiana à moralidade e à esperança, mas não são sinais do fim de nada. São antes provas de que a História não pode ser uma História da decadência simplesmente porque, do ponto de vista da esperança, ambas foram vitoriosas em momentos diferentes e de formas diferentes. A morte não é o fim não porque existiria algo depois, mas porque a morte é um fardo dos vivos e a sociedade não vive; esta somente possui uma história, enquanto corpo que é. Sua morte, que teria acontecido há muito tempo, não foi acompanhada de seu fim.

A esperança de construir algo novo, portanto, deveria partir do pressuposto de que nada há para se preservar neste corpo onde nada vive nem morre. Onde apenas existe a esperança de que a desgraça não se repita.

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